É comum pessoas dizerem: “Como podemos ter vivido outras vidas se não recordamos de nada”! Pois é, havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, há assim vantagem, apesar de muitos ainda procurarem regressão á vidas passadas.
Com
efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos
casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim,
entravar o nosso livre-arbítrio.
Em
todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações
sociais.
Frequentemente,
o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo
relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se
reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez
no íntimo.
De
todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse
ofendido. Para nos melhorarmos outorgou-nos Deus, precisamente, o de que
necessitamos e nos basta, a voz da consciência e as tendências instintivas.
Priva-nos do que nos seria prejudicial.
Ao
nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez em cada
existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi
antes. Se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más
indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve
concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido
completamente, nenhum traço mais conservará.
As
boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e
do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações. Aliás, o
esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual,
readquire o Espírito a lembrança do passado, nada mais há, portanto, do que uma
interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o
sono, o qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos
feito na véspera e nos dias precedentes.
Portanto,
o lembrar de vidas passadas só nos traria dificuldades em concluir objetivos. Buscar
regressão á vidas passadas é um grande erro, e ainda corremos o risco de
ficarmos com a mente imantada lá no passado.