Summit Educação incentivou o pensamento sobre a escola do futuro e contou com a participação do rapper e escritor Gabriel, o Pensador, do professor de filosofia Audino Vilão e da presidente do Instituto Sidarta, Ya Jen Chang
Reconhecer os talentos e as mudanças no ensino, ressignificar a aprendizagem e pensar em formas de revolucionar a educação para a escola dos sonhos de professores, alunos e comunidade. Com esse objetivo, a Central Sicredi PR/SP/RJ realizou, no último dia 28 de outubro, mais uma edição do Summit Educação. O evento on-line reuniu professores parceiros do Programa A União Faz a Vida (PUFV) e profissionais que atuam na área.
Na abertura, o presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock, trouxe uma reflexão sobre os momentos de distanciamento e a reconexão que vivemos a partir do dilema do porco-espinho, uma metáfora criada pelo filósofo Arthur Schopenhauer. “Nesse período de pandemia estamos convivendo tão próximos dos nossos entes queridos que, às vezes, nossos espinhos espetam os outros e também nos ferem. Saber conviver, ter compaixão pelo outro, cultivar o altruísmo nos ajudará a minimizar os medos, as inseguranças e nos dará força e coragem para superar esse momento tão difícil. Que essa parábola nos mostre como dialogar com quem está em casa para que, juntos, realizemos essa travessia”, afirmou o presidente.
O evento apresentou também, desejos e pensamentos de 11 professores sobre como seria a escola do futuro, tão sonhada pelos educadores. Reconhecendo as mudanças no ensino, no formato das aulas, na motivação dos estudantes e na participação de educadores, pais e comunidade no processo de aprendizagem, a jornalista especialista em educação, Marta Avancini, conduziu um bate-papo com a socióloga, mãe e autora do best seller “A mamãe é rock”, Ana Cardoso e o professor de filosofia e youtuber, Audino Vilão. “A gente não estava preparado para um ensino remoto, a gente sabe de todas as deficiências que cada escola enfrenta e o professor está segurando toda essa ‘responsa’. Então, é importante se reinventar para esse novo momento. Dar atenção às necessidades dos alunos do on-line e também do presencial”, afirmou o professor.
A primeira parte do evento contou também com o depoimento de religiosas e professoras que atuam na Institution Sacré Coeur de Jésus, em Porto Príncipe, no Haiti. A escola que trabalha com o PUFV desde 2019 também teve que se adaptar durante a pandemia, a partir da realidade que vivem, quase sem conexão dos alunos e da comunidade com a internet. “No período de escolas fechadas, as crianças permaneceram em casa e os pais vinham a cada 15 dias pegar o programa para trabalhar com os filhos. Agora, com a reabertura das escolas, continuamos o nosso trabalho reinventando e recriando o conteúdo de aprendizagem”, contou a Irmã Maria Zelinda Cardim.
Para ajudar a ressignificar o ensino, o Summit Educação trouxe a mestre em Educação pela Universidade de Harvard, Ya Jen Chang, que mostrou uma maneira diferente de encarar uma das matérias mais temidas pelos alunos, a matemática. Apresentando um contexto histórico até a Sociedade 4.0, a presidente do Instituto Sidarta destacou a importância do incentivo ao pensamento matemático, ao desmistificar conceitos e apontar que as pessoas podem melhorar habilidades tanto na área de humanas quanto de exatas, a partir de um ensino que apresente um jeito diferente de pensar.
O designer de serviço em educação, Caio Dib, falou sobre a experiência de viajar para diferentes regiões do Brasil e conhecer projetos de aprendizagem de 30 escolas. Com as vivências, o autor do livro “Guia de sobrevivência da educação inovadora” resumiu o que, para ele, significa ressignificar. É ser flexível, mas sem perder o propósito do nosso projeto. O segundo ponto importante é a gente ser aberto para criar a partir do olhar e da realidade do outro, porque não adianta a gente chegar em sala de aula com o nosso olhar e a nossa verdade, e não ouvir o outro. E o mais importante que vejo nesses últimos 10 anos de mapeamento de boas práticas é que ressignificar é ser resiliente sem desumanizar”, analisou.
A realidade de professores que atuam em diferentes escolas e cidades também foi apresentada no evento por meio do quadro interativo “Fala aí, profê”. Com participações ao vivo, educadores que integram o Programa a União Faz a Vida contaram como têm sido os períodos de adaptação no trabalho, nas interações com os alunos e na criação de uma escola do futuro.
Em um momento de celebração, o Summit Educação lembrou a formatura de quase seis mil professores que participaram do programa de capacitação do PUFV, o Abelhuda, realizado em formato digital durante a pandemia. “Os professores são os protagonistas do programa, motivo pelo qual estamos reunidos nesta noite e por manter esse programa que há 25 anos consegue levar um pouco mais de ferramental e conhecimento para dentro das escolas, ajudando a formar educadores cada vez mais conscientes”, comentou o diretor executivo da Central Sicredi PR/SP/RJ, Maroan Tohmé.
O evento ainda trouxe a reflexão sobre a importância de revolucionar e recriar o ensino, com a educadora Clélia Rosa. A especialista comentou como a maternidade a ajudou a aumentar ainda mais o seu compromisso e engajamento com a educação, principalmente como agente de transformação. “Eu acredito que a formação do docente é a mais importante e precisa ter um cuidado muito especial . A gente não vai conseguir transformar a escola se não passar pela formação de professores”, afirmou a mestre em educação.
O evento terminou com uma surpresa, a participação do rapper e escritor, Gabriel, o Pensador. Com rimas, o artista compartilhou com os participantes o que vem observando a partir de suas vivências. Além disso, o artista falou sobre a importância da arte e da educação para a construção da escola do futuro.