O irmão do soldador, Laércio Dias, contou ao Estado que constantemente o soldador relatava, com muita emoção, como escapou ileso do rompimento em Mariana. "Ele contava que saiu pra almoçar fora do local de serviço naquele dia e, quando voltou, a lama tinha tomado conta da parte baixa da mineradora, bem onde ele trabalhava".
Três anos depois a sorte não foi a mesma. Dias é uma das 226 pessoas desaparecidas na tragédia em Brumadinho. "Ele estava almoçando no refeitório quando veio aquele monte de lama e levou todo mundo", contou a tia de 49 anos, Luzia Aparecida Felipe.
Muito abalada e sem sinais do sobrinho, dona Luzia diz que não há muitas esperanças de encontrá-lo com vida. "Cheguei a pensar que estava em um mato ou tivesse sido socorrido por alguém, que estivesse em alguma casa da região. Mas a ficha vem caindo com o passar dos dias", contou emocionada.
"Naquela, ele se salvou, mas, nessa, a gente acha muito difícil. Só Deus sabe", disse o irmão que veio acompanhar os trabalhos de busca. Antes de chegar à Brumadinho ele passou pelo Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte onde amostras de DNA foram colhidas. "É muita dor, um sofrimento que não tem fim", comentou Laércio.
Dias é funcionário de uma empresa terceirizada da Vale e sempre viaja para outras áreas de mineração. Não tinha base fixa, segundo a família. O rapaz tem uma filha de 7 anos e estava há cerca de 6 meses prestando serviços em Brumadinho. "A menina pergunta todos os dias pelo pai. Já não sabemos mais o que dizer", comentou o irmão do desaparecido.
Revoltada, a tia faz um apelo. "Tem que acabar com essas barragens. Esta é a segunda vez que o meu sobrinho passa por isso. Segunda vez que inocentes morrem por trabalharem em áreas onde não há condições e nenhuma segurança".
Fonte:Portal Terra
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